O que é da água
extraio, guardo
Ainda que o venha a entregar.
Walt Whitman, in Cálamo
Nota de abertura: a ribeira que atravessa a horta pedagógica em Creixomil não é só a ribeira de Couros, como temos a mania de a descrever; ela faz-se também, por exemplo, da ribeira de Santa Luzia. E, mas a jusante – em frente à nova horta –, da ribeira de Urgeses.
Quem passa pelo interior daquele espaço de excelência na área do ambiente vimaranense sabe muito bem que há vários canais que o atravessam.
1. Feita está introdução importa dizer que na última quinta-feira, pelo menos entre as 19H30 e as 19H37 (enquanto eu, de fato de treino em punho, matava a agitação do dia e corria por entre os pequenos talhões lindos de que se faz a horta) senti um fedor tremendo a petróleo. Há quem lhe chame solventes ou pasta industrial; para o meu nariz já aliviado dos cheiros do dia, aquilo não oferecia dúvidas: era uma descarga industrial com fortíssima carga poluente. Não tenho receio em afirmar que o que corria – saindo do canal mesmo junto à casa de madeira que serve de apoio aos colaboradores municipais que ali trabalham – em direcção ao Selho era uma descarga de empresa têxtil que tem uma estamparia no seu processo produtivo.
2. O cheiro na Horta Pedagógica era catastrófico. Aquilo que percorria o canal que desemboca no Couros era assustador; quase fantasmagórico (pela cor). Como a foto documenta (peço desculpa pela qualidade da fotografia que ilustra o que venho descrevendo, mas não costumo fazer as minhas corridas de máquina fotográfica na mão). Mesmo assim a foto fala por si.
3. Tenho muita pena de Amadeu Portilha e daquela que é uma das suas grandes apostas pessoais e politicas para Guimarães. Por mais que o vereador com responsabilidades na área do Ambiente na câmara de Guimarães se empenhe para que Guimarães seja uma cidade verde, há alguém que faz tudo para matar o seu trabalho e empenho. Por mais que o vereador Portilha lute para que a cidade-berço receba o título de capital verde, sempre há um arista destruidor do ambiente que gosta de pintar as ribeiras de cores e odores que não servem o futuro. Por mais que Guimarães se queira afirmar sempre há engenhosos destruidores da afirmação de um território de futuro.
Nota final: a ribeira que atravessa a horta pedagógica – fui espreitar para ter certezas, sob a variante, já na ligação a Santo Tirso, isto é, o troço principal da ribeira –, não tinha qualquer descarga industrial, apenas o habitual saneamento doméstico que por ali vai correndo. Talvez não seja muito difícil perceber a origem deste atentado ambiental.