quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A espera aumenta

O que os meus olhos veem é um enigma.
O que os meus olhos olham passa a passo.
Ruy Cinatti, in Os castelos interiores
Em entrevista à edição de fevereiro do Reflexo, Domingos Bragança fala de si, do seu partido, de Guimarães e do seu projeto para o seu concelho.
Esta entrevista do presidente de câmara de Guimarães é uma entrevista atípica, porque natural; é uma conversa, como o diretor do jornal assume em editorial, onde Bragança diz o que lhe vai na alma. E onde, embora a espaços, se mostra desprendido. Mas sempre pronto a vincar que não está distraído – “a vida político-partidária faz-se de jogos, de manhas, de táticas e eu gostava que a vida democrática, entre os partidos políticos, fosse mais do contraditório, da explicação, da proposta alternativa e de todo esse debate”.
Tudo clarinho? Aparentemente sim, mas façamos uma segunda leitura: “a vida político-partidária faz-se de jogos, de manhas, de táticas. Ui! Gosto muito da ideia do contraditório. É linda; quase lírica, mas faz todo o sentido.
Sobre o dia-a-dia em Santa Clara, Bragança não hesita em comparações com o passado recente. Aí, sem sombra de dúvidas, está em campo o atual presidente de câmara de Guimarães; que, de forma claríssima, diz que é ele – e só ele – o edil vimaranense. Mesmo que, suavizando, vá dizendo “são [António Magalhães e Domingos Bragança] duas pessoas com personalidades diferentes e é bom que seja assim”.

Esclarecido o posicionamento de Bragança em Santa Clara, o autarca vimaranense mostra como gosta da prática política: “creio que as pessoas já perceberam a minha maneira natural de ser e de dizer as coisas”. E clarifica como se posiciona na coisa pública: “a democracia é muito exigente. Exige a aceitação do argumento, da divergência e daquilo a que chamo o contraditório. Não há democracia, nem desenvolvimento das sociedades sem contraditório”.
Haverá, agora, dúvidas da postura política de Domingos Bragança?
Fica assim totalmente claro quem ‘comanda’ o dia-a-dia em Santa Clara: “é inegável que eu abri as reuniões de câmara, que são participadas, analisadas, analisando, discutindo, dando explicações sobre o que estamos a fazer e, obviamente, ouço muito mais”. Tudo muito certinho, portanto. Ou ainda haverá quem goste de misturar o velho com o novo?

Claro que a entrevista sendo, para um jornal com sede em Caldelas, aborda questões de interesse para aquela comunidade vimaranense. Importa, por isso, destacar este desafio do presidente de câmara de Guimarães: “neste momento está a ser escolhida uma equipa externa de projetos para acompanhar o projeto [requalificação do centro das Taipas], da mesma forma que foi feito com a intervenção no Toural e na Alameda de S. Dâmaso”. É uma grande notícia para Caldas das Taipas!


Não duvido, nem um pouco, que os taipenses ficam a aguardar ansiosamente que estas obras surjam no terreno. Até porque para o presidente de câmara, com o rio limpo “e com o parque natural e as termas que são um valor indissociável das Caldas das Taipas” – a vila termal “terá todas as condições para recuperar a vocação turística”. E se lhe juntarmos a recuperação urbana…

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