O que os
meus olhos veem é um enigma.
O que os
meus olhos olham passa a passo.
Ruy
Cinatti, in Os castelos interiores
Em
entrevista à edição de fevereiro do Reflexo, Domingos
Bragança fala de si, do seu partido, de Guimarães e do seu projeto para o seu concelho.
Esta entrevista
do presidente de câmara de Guimarães é uma entrevista atípica, porque natural; é
uma conversa, como o diretor do jornal assume em editorial, onde Bragança diz o
que lhe vai na alma. E onde, embora a espaços, se mostra desprendido. Mas
sempre pronto a vincar que não está distraído – “a vida político-partidária faz-se de jogos, de manhas, de táticas e
eu gostava que a vida democrática, entre os partidos políticos, fosse mais do
contraditório, da explicação, da proposta alternativa e de todo esse debate”.
Tudo
clarinho? Aparentemente sim, mas façamos uma segunda leitura: “a vida político-partidária faz-se de
jogos, de manhas, de táticas”. Ui!
Gosto muito da ideia do contraditório. É linda; quase lírica, mas faz todo o
sentido.
Sobre o
dia-a-dia em Santa Clara, Bragança não hesita em comparações com o passado
recente. Aí, sem sombra de dúvidas, está em campo o atual presidente de câmara
de Guimarães; que, de forma claríssima, diz que é ele – e só ele – o edil vimaranense.
Mesmo que, suavizando, vá dizendo “são [António Magalhães e Domingos Bragança]
duas pessoas com personalidades diferentes e é bom que seja assim”.
Esclarecido
o posicionamento de Bragança em Santa Clara, o autarca vimaranense mostra como
gosta da prática política: “creio que as pessoas já perceberam a minha maneira
natural de ser e de dizer as coisas”. E clarifica como se posiciona na coisa
pública: “a democracia é muito exigente. Exige a aceitação do argumento, da
divergência e daquilo a que chamo o contraditório. Não há democracia, nem
desenvolvimento das sociedades sem contraditório”.
Haverá,
agora, dúvidas da postura política de Domingos Bragança?
Fica assim
totalmente claro quem ‘comanda’ o dia-a-dia em Santa Clara: “é inegável que eu
abri as reuniões de câmara, que são participadas, analisadas, analisando,
discutindo, dando explicações sobre o que estamos a fazer e, obviamente, ouço
muito mais”. Tudo muito certinho, portanto. Ou ainda haverá quem goste de
misturar o velho com o novo?
Claro que
a entrevista sendo, para um jornal com sede em Caldelas, aborda questões de
interesse para aquela comunidade vimaranense. Importa, por isso, destacar este
desafio do presidente de câmara de Guimarães: “neste momento está a ser
escolhida uma equipa externa de projetos para acompanhar o projeto
[requalificação do centro das Taipas], da mesma forma que foi feito com a
intervenção no Toural e na Alameda de S. Dâmaso”. É uma grande notícia para
Caldas das Taipas!
Não duvido,
nem um pouco, que os taipenses ficam a aguardar ansiosamente que estas obras
surjam no terreno. Até porque para o presidente de câmara, com o rio limpo “e
com o parque natural e as termas que são um valor indissociável das Caldas das
Taipas” – a vila termal “terá todas as condições para recuperar a vocação
turística”. E se lhe juntarmos a recuperação urbana…
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