sábado, 28 de fevereiro de 2015

Por enquanto é tempo

O que é da água extraio, guardo
Ainda que o venha a entregar.
Walt Whitman, in Cálamo
Nota de abertura: a ribeira que atravessa a horta pedagógica em Creixomil não é só a ribeira de Couros, como temos a mania de a descrever; ela faz-se também, por exemplo, da ribeira de Santa Luzia. E, mas a jusante – em frente à nova horta –, da ribeira de Urgeses. Quem passa pelo interior daquele espaço de excelência na área do ambiente vimaranense sabe muito bem que há vários canais que o atravessam.

1. Feita está introdução importa dizer que na última quinta-feira, pelo menos entre as 19H30 e as 19H37 (enquanto eu, de fato de treino em punho, matava a agitação do dia e corria por entre os pequenos talhões lindos de que se faz a horta) senti um fedor tremendo a petróleo. Há quem lhe chame solventes ou pasta industrial; para o meu nariz já aliviado dos cheiros do dia, aquilo não oferecia dúvidas: era uma descarga industrial com fortíssima carga poluente. Não tenho receio em afirmar que o que corria – saindo do canal mesmo junto à casa de madeira que serve de apoio aos colaboradores municipais que ali trabalham – em direcção ao Selho era uma descarga de empresa têxtil que tem uma estamparia no seu processo produtivo.

2. O cheiro na Horta Pedagógica era catastrófico. Aquilo que percorria o canal que desemboca no Couros era assustador; quase fantasmagórico (pela cor). Como a foto documenta (peço desculpa pela qualidade da fotografia que ilustra o que venho descrevendo, mas não costumo fazer as minhas corridas de máquina fotográfica na mão). Mesmo assim a foto fala por si.

3. Tenho muita pena de Amadeu Portilha e daquela que é uma das suas grandes apostas pessoais e politicas para Guimarães. Por mais que o vereador com responsabilidades na área do Ambiente na câmara de Guimarães se empenhe para que Guimarães seja uma cidade verde, há alguém que faz tudo para matar o seu trabalho e empenho. Por mais que o vereador Portilha lute para que a cidade-berço receba o título de capital verde, sempre há um arista destruidor do ambiente que gosta de pintar as ribeiras de cores e odores que não servem o futuro. Por mais que Guimarães se queira afirmar sempre há engenhosos destruidores da afirmação de um território de futuro.

Nota final: a ribeira que atravessa a horta pedagógica – fui espreitar para ter certezas, sob a variante, já na ligação a Santo Tirso, isto é, o troço principal da ribeira –, não tinha qualquer descarga industrial, apenas o habitual saneamento doméstico que por ali vai correndo. Talvez não seja muito difícil perceber a origem deste atentado ambiental.

2 comentários:

António Amaro das Neves disse...

A correr, "de fato treino em punho ✊"? Não me digas que corria em trajos menores? >:) Ai, como é traiçoeira está nossa língua portuguesa...

casimirosilva disse...

Ai pois é, Amaro. Mas, como previa, resultou em grande.

Já viste que se não fosse de fato de treino em punho era suspeito em andar aquela hora pelo meio das hortas?

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