O tempo do fim está aí, diante de nós, a assombrar-nos, e já não é apenas no plano existencial e metafórico: a frase anuncia a forma contemporânea do desastre, já não é “o deserto cresce”, mas a “extinção aproxima-se”. António Guerreiro, Ípsilon , 18.11.09 1 . Nunca dou nada por adquirido. E nos dias que correm as certezas não param de escassear. Mas há, não se duvide, vontade, atitude e modos de olhar o futuro que fazem diferenças. Qua aquecem a frieza e a solidão dos dias. Senti-o bem recentemente. E não foi, apenas, no décimo piso. 2 . Rememorando – se é que um internamento se recorda –, a minha passagem pelo piso 10 há uma certeza que me fica: a solidão, a reflexão e o sentimento sempre foram ajuda fundamental que acertam o rumo da Humanidade. Senti-me, por uns dias, um cidadão do mundo. Não pela dor e confinamento, mas pela real certeza de que nunca se pode viver só. E porque senti como importa refletir contra a agitação dos dias. 3. Quando, depois da pa