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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2020

sorrisos mentirosos

vou e venho o tempo todo; construindo eco com o presente – tenho tantas saudades das belezas brancas de antanho! o que faz mal ao planeta? a política feita por políticos trumpistas ou os dias apressados? carros! no interior do veículo quente; prontos a desistirem da viagem – quatro corpos: a harmonia fria vou e venho o tempo todo. está assim tão gélida e inacessível a nossa rua? não chegou ainda o tempo da remissão?

Fantasmas à solta

A boa sociedade acreditava em Deus para não falar d’Ele. Como a religião parecia tolerante. Jean-Paul Sartre, in As palavras A noite agita-se; tanto. A cama fica pequena para um corpo ansioso; em alvoroço. Sonho; sonho que estou descendo da Penha – que montanha celeste, esta! – e ouço, mesmo à minha frente, uma manifestação barulhenta que sobe a montanha. Muita gente jovem; tantos jovens com palavras de ordem em defesa da natureza e do verde em harmonia pela encosta. E contra o abuso construtivo nas entranhas da natureza. Tão verde e sagrada! Na frente do cortejo dois jovens, educada e serenamente, pedem-me para encostar mais à parede – ainda distante do grosso da manifestação. Encosto-me, seguindo, a preceito, o pedido e fico – feliz –, a observar toda aquela energia que berra contra o apocalipse, lá mais no alto. Mesmo à distância de um olhar sereno, sensato e verdadeiro. Míope? Não. Dali vê-se o que a luz da planície tenta esconder. Caramba! Os jovens têm perspicácias p

maldição dos que choram

sim! “ a rua trazia saudade s”!; ideia declarada vincada da tua noção de cidade; tantas ilusões esboroando-se, não é? – extensão curta de solidariedade; tão vaidosa (só para o ecrã ou microfone)! – quando a nossa rua mudava saudades e víamos tudo estampado nos desejos do papel – cada vez mais amarelecido! a rua – a nossa rua fria e distante; quebrada pela doçura de nós – perde-se no tempo; de casa, de nós, do mundo. perguntei ao tempo e o tempo disse: rasga todos os jornais e livros guardados na tua estante; a rua morreu. a maldição nunca chora!

Cerimonial do costume

O homem é um animal em movimento num universo em movimento. Clara Ferreira Alves, E , 19.07.06 1 . Vai com deus e não te esbarres eram as palavras, gritadas em tremenda felicidade, por três crianças. Tão inocentes! Tão coitadas! A mais velha gozava os seus sete, oito anos e as duas mais pequenas com uma diferença de dois anos entre si; diferença também para o mais velho. Era Brito. Por aquela altura, uma freguesia assustadora à noite, sem luz, demasiados ruídos e buracos pelos caminhos e uma desolação total em tempos de inverno. O vai com deus e não te esbarres era entoado em coro, três putos em uníssono  que corriam feitos desalmados, ao lado das bicicletas que deixavam o Bonfim – lugar de referência em Brito por ali ter existido um antigo cemitério – em direção a Pevidém. Nomes sonantes na caravana: Manuel, Casimiro, José e António. Como eles gostavam de pedalar nas suas pasteleiras vistosas rumo aos seus empregos em Pevidém! Outros tempos! Aquele grupo de grandes am

eufemismo e discurso branco

é mesmo a nossa cadeira grande escondida; ali não vejo o mar – ouço a ondulação agitada a nossa cadeira escondida entre a rocha da nossa paixão e o desejo de nós – que mundo é este? alquimia única; perdida no tempo? sim! é mesmo movimento contagioso; guarda que não dorme.

Canto de disparates

Foto: revistasisifo.com O meu pai costumava dizer-me: olha, constróis casas para alguém? Não. Salvas vidas? Não. Produzes algo para comeres? Não. Então tu não trabalhas, tens é um passatempo. Pêpê Rapazote, E , 17.10.14 1. No início do ano que morreu na passada terça-feira escrevia o diretor do jornal Mais Guimarães (19.01.16) no seu texto de editorial que a liberdade de expressão é um termo bonito, que convém verbalizar quando nos queremos afirmar verdadeiros democratas. Mas acrescentava Eliseu Sampaio que o mais difícil será entendê-la ou respeitá-la . 2. Luís Montenegro, no seu discurso de despedida do parlamento português, escrevia no semanário Expresso (18.04.07) que o populismo é o pai da mediocridade, e a mediocridade é a mãe da pobreza. O atual candidato à liderança do partido social-democrata, uma semana depois, diria no mesmo semanário que nós, cidadãos, delegamos autoridade ao Estado para sermos livres. Não delegamos liberdade ao Estado p

Realidades bem dolorosas

Deixou de haver espaço para a metáfora, esse é o grande problema. As pessoas não conseguem ver uma coisa como uma outra coisa. Bret Easton Ellis, Ípsilon , 19.12.20 O Newseum , o museu de imprensa que existia em Washington, morreu no último dia do ano passado. Sinais dos tempos? Seguramente! Desde logo, e fundamentalmente, porque este encerramento é muito, muito simbólico nos tempos censurais que atravessamos. Principalmente no que à imprensa livre diz respeito. E quando é assim não podemos augurar tempos simpáticos.

Animalização do humano

Antes de atacar um abuso, deve ver-se se é possível arruinar os seus alicerces. Luc de Clapiers Se eu fosse uma pessoa vestida de ventura andaria vaidoso entre o mundo dos vaidosos que subiram a S. Bento. Se eu fosse uma pessoa coberta de ventura daria pulos de felicidade por, num instante previamente controlado e encenado, assustar quem por S. Bento corre; feito perdigueiro da felicidade politica. Se eu fosse uma pessoa repleta de ventura, escondendo a dor vermelho-clubística que dá lucro em todo o lado; até nos patamares mais insuspeitos, fixava os olhos no ecrã assutado dos ais e diria: é verdade! Todos vós estás a passar por uma letargia tremenda . Todos vós dormis sobre as novas estranhas verdades, fazendo de conta que sentem as dores dos dias. Só que todos vós, na verdade, ignoram a populaça que vos deu uns votinhos para a vossa indiferença e comodismo. Ouçam o povo; não façam de conta que o ouvem! Ah! Se eu fosse uma pessoa apinhada de ventura desenhava um mun

Senhores do adeus

Da s coisas que eu mais sinto saudades de ouvir, nos outros e mesmo em mim, é a lapidar frase eu não tenho opinião sobre o assunto. Não ter opinião é refrescante pois, hoje em dia toda a gente tem opinião sobre tudo. Rui Vítor Costa, O Comércio de Guimarães , 19.12.18 Qual a diferença entre a posição de vanglória do PSD vimaranense sobre o IMI nos centros históricos, dizendo que a autarquia de Guimarães terá – assumo o futuro indefinido da afirmação; única possível na indefinição de uma posição concreta, real e pronta a dar a mão à palmatória – e a derrota saída nas novas regras sobre cobrança do Imposto Municipal sobre Imóveis nas zonas Património da UNESCO ? Acredito que Bruno Fernandes, líder incontestável da concelhia laranja em Guimarães, tem a resposta. Séria. Concreta. Sem qualquer tipo de oportunismo. O populismo social-democrata em Guimarães até poderia ficar bem na fotografia, não fosse o detalhe (pode parecer pequenitote, mas é fundamental): são as câmaras qu

urgente abrandar

a música ácida mata o silêncio na sala; percorre os corredores de alumínio onde todos os primeiros passos vão acontecendo – alguns no meio de nós o espetáculo tange; faz vibrar as paredes de alumínio. enchem a sala espantada o sintetizador move; faz vibrar a estrutura poderosa onde lentes incolores apagam todos os olhares debaixo do teto – sei lá!!, do céu! – como adoro este som na sala!; atravessando todos os estados de alma! corpos sentados vibram; na sala quente! toda a estrutura poderosa geme; ao som da música saída das agitações de dois corpos. ligando criações; a música ácida mata o silêncio!