quinta-feira, 30 de abril de 2015

Ainda há elefantes na sala?

Lancei ao mar um madeiro
Espetei-lhe um pau e um lençol
António Gedeão, in Poemas escolhidos
Rio Ave, em S. João de Ponte
O Plano de ação sobre o rio Ave é um bom documento; um texto construído com inteligência. Um olhar bem mais claro sobre “as descargas, sempre negligentes”, no rio Ave.
Este texto abre janelas sobre uma realidade que deve preocupar os vimaranenses, não fecha nenhuma porta da discussão e reflexão e é capaz de caraterizar muito bem a realidade rio Ave. Enquadra de forma correta o que se fez e faz na região, uma região vestida de uma “forte componente industrial” e “agrícola e pecuária caraterizada essencialmente pelo minifúndio” que esteve demasiado tempo “de costas voltadas para a sua maior riqueza, a água”.
O Plano de Ação para o combate à “poluição no rio Ave, através de uma ação eficiente e concertada das entidades competentes e com um ação vigilante e consequente de todos”, tem, infelizmente, um pormenor que não faz dele um plano quase perfeito: é muito institucional. Esquece quem conhece – não apenas agora que está na moda – as realidades. Sei muito bem que o seu principal autor consultou muita gente; conversou com quem sabe o que é a poluição na região, mas era importante, pelo menos citar, entidades que fazem do dia-a-dia a sua ação. Não; não é só os cidadãos que “devem assumir uma atitude cívica perante o ambiente, de respeito perante a sociedade e de solidariedade perante os outros”! claro que é muito importante, mas há associações, sei lá!, tipo Quercus (Braga), Ave (Guimarães) ou ADAPTA (Trofa) que vivem de perto realidades para além das luzes da ribalta.
Fora isso o documento, pelas pistas (que nos trazem aos dias de hoje) e pelos caminhos (que nos levarão, estou certo!, ao futuro) é um bom documento. E tem uma vantagem que não é como nos textos oficiais de entidades públicas; aponta as dores, mostra remédios e indica como as operações têm que ser feitas; no sítio certo.

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Olhando a cidade V

Fizemos cidades muito hostis para as crianças. Sónia Lavadinho, consultora em mobilidade e desenvolvimento territorial, Visão , 24.11.14