Contra a indiferença

O acentuar de problemas económicos, urbanísticos e espaciais, com expressão nas cidades, tem contribuído para um despertar cívico, com impacto na gestão do poder.

Vitor Belanciano, Público, 20.02.20

 

1. Sim; sou um comodista.

Sim; também eu sou um dos milhões de urbanitas deste planeta à beira da rutura que só usa transporte pessoal para se deslocar para o trabalho diário.

Sim; tenho milhares de argumentos para dizer que não encontro outra forma para poder cumprir as minhas obrigações profissionais.

Sim; desloco-me onze quilómetros, entre a cidade e a vila mais rural do município de Guimarães, Serzedelo – uma ligação que é tremendamente complicada no que aos transportes públicos diz respeito – e sou um poluidor; comodista.

 

2. Tenho alternativa?

Tenho. Caminhar – fazendo uma parte do famoso e endeusado caminho real, que – era suposto já ter uma ecovia (ou será ciclovia?). São à volta de sete quilómetros. Mas chegar ao local de trabalho todo transpirado não dá lá muito jeito!

 

3. Tenho outras alternativas?

Claro! Partilhar o carro. Mas os horários (não os profissionais, mas os pessoais e familiares) diferentes; mesmo já não tendo crianças para deixar no infantário ou na escola, baralham as costas ecológicas.

3.1. Quanto a rede de transportes públicos, não, não tenho alternativa. Ninguém tem, na verdade. Pelo menos na ligação de Guimarães a Serzedelo.

 

 

Nota de rodapé: Tenho saudades dos tempos de camaradagem quando diariamente percorria a distância entre Brito e Pevidém pelo monte de Currelos para cumprir as minhas oito horas de trabalho.

Sim, sei muito bem!, os tempos são outros. Muito mais comodistas!

Mas também tempos finais.

 

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