A palavra “elite” entrou em regime de inflação, no nosso espaço público.
António Guerreiro, Ípsilon, 19.06.28
1.
Desde que votei pela primeira vez (e integrei a comissão concelhia de Guimarães
da candidatura de Maria de Lurdes Pintassilgo) habituei-me a olhar para uma eleição presidencial e de uma forma diferente para os díspares candidatos presidenciais; diferença no
que concerne à forma como se é sem deixar de ser, sem ser o que as máquinas políticas
tanto desejam. E diferença na simplicidade e frontalidade dos olhares; seja
para as realidades políticas, seja, principalmente, para as realidades sociais.
Neste ano, um
ano dominado por Marcelo; comentador, chefe do governo, populista e presidente,
tinha desistido de pensar nas eleições presidenciais do próximo mês. Mas os últimos
avanços rumo à última semana de janeiro agitaram-me, levando-me para o sítio
onde, na verdade, nunca nenhum de nós devia sair: a participação cívica.
2.
Sendo certo que não olharei (agora) para Marisa Matias, por mais que aprecie o
seu trabalho como deputada no parlamento europeu, restam-me dois candidatos:
Ana Gomes e João Ferreira.
3.
Aprecio
imenso João Ferreira, que não para de mostrar como é um político com todas as
janelas de futuro abertas. Considero-o o homem do horizonte de esperança. Estarei muito atento aos seus próximos passos.
4.
Só que neste momento solene de decisões, e sendo certo que o atual inquilino de
Belém só a espaços se lembra que é presidente de todos os portugueses – seja no
silêncio premeditado sobre atitudes pouco dignas no que à justiça diz respeito,
seja nas provocações para fazer de conta que não existe em Portugal um governo
livremente escolhido pelos portugueses –, continuo a ser fiel à aprendizagem que
fiz aquando da candidatura de Maria de Lurdes Pintassilgo.
5.
Ana
Gomes é um sobressalto muito importante contra a apatia reinante; uma
apatia que tem duas bases principais e perigosamente complementares: António
Costa e Marcelo Rebelo de Sousa.
O primeiro
porque quer continuar a ‘dar-se’ com o segundo; e este segundo, tal como o primeiro,
só olha para os interesses defendidos, desde sempre pelo centrão (como dizem os
brasileiros), uma zona cinzenta do espetro politico que não é nada meiga no que
às dificuldades dos mais necessitados diz respeito.
Nota
de rodapé: há (supostos) dirigentes políticos dos dias que
correm que só lhes falta (mesmo) mostrar a ferida aberta na coluna para
inserção da mola que já não os suporta publicamente; tal é o seu fracasso
liderante. Com a sua curvatura incapaz de os conduzir ao devir. Porque se agitam
com a menor movimentação de ar.
O pior é que
eles estão mesmo ao nosso lado!
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