Todos nós
temos um deus que amamos.
sempre. Às
vezes. Nunca
nunca,
quando o amamos o podemos ter.
Marta
Duque Vaz, in Aclive
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imagem: catoliscopio.com
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1. Com um
estrondo que ninguém esperava, Francisco, o líder católico mais aberto e com
olhar muito para além dos dias, apresentou Laudato Si, uma encíclica, como tantas outras com que os papas vão
marcado os seus pontificados. Só que este olhar sobre o cuidado da Casa Comum
não é uma encíclica qualquer.
Percebe-se,
portanto, que o semanário Expresso titule Papa
contra o ‘depósito de porcaria’ (15.06.20), acrescentando que “Francisco
defende o ambiente e critica submissão da politica à finança”.
Ou que o
diário Público, também em título, escreva (15.06.19) que o “papa coloca
igreja no centro do debate ambiental e climático”. Aliás, em editorial, o mesmo
jornal vinca: “volta a fazer-se história no Vaticano”.
2. Para se perceber o que está em causa neste texto da
responsabilidade do papa Francisco, ou melhor, do impacto que ele trará aos
dias que correm, recorro a Isabel Varanda (Igreja Viva, 15.06.18): “sendo ainda a questão ecológica uma questão
marginal de preocupação da maior parte dos nossos contemporâneos, não se
estranharia que o anúncio da encíclica do papa suscitasse uma relativa
indiferença. O facto é que se verifica o contrário”. O que, no mundo consumista
e tremendamente destruidor é extraordinário. Recordo aqui o que escrevi sobre apoluição nas cidades.
3. Por que será? Importa voltar ao jornal Público e ao texto de Ricardo Garcia. A terra, o planeta onde
todos nós habitamos, está a transformar-se “num imenso depósito de lixo”. Daí
que, diz o texto papal, os países ricos têm que pagar a “dívida ecológica” aos
mais pobres. Muito bem, mas não chega. A Terra, assim, vai-se; para pobres e
ricos.
4. O texto
Laudato
Si é um documento com 192 páginas que “junta a fé e a moral à razão e
ao engenho”. Mas, é verdade!, não é um texto qualquer. Para além dos habituais
destinatários dentro da igreja católica, desta vez, a igreja de Roma, saiu do
seu habitual resguardo vaticanista e olha para a Casa Comum. Ótimo. Afinal, a
Terra é universal.
5. O que
importa mesmo vincar por ‘culpa’ desta ousadia do papa Francisco é que é
urgente a Humanidade perceber que tem que mudar “o seu estilo de vida, de
produção e de consumo”. Mas será que vamos entender? Aqueles que se limitam aos
altares chegarão a toda a Terra?
6.
Felizmente que a encíclica foi bem recebida e saudada por líderes religiosos,
ambientalistas, investigadores e dirigentes de organizações internacionais. O que
se pode ser um excelente sinal de que haverá mais acções para além da excelente
iniciativa do Vaticano.
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