domingo, 27 de julho de 2014

Dores fratricidas

 
Quando um aziago mata um membro da sua família, seja em que circunstâncias, motivações ou fragilidades for, está a matar o quê?
A pessoa (ou pessoas) dela dependente(s), a relação familiar ou o elo que (era) é suposto unir os animais e, muito mais (diremos nós, seres civilizados), os seres humanos?

Um irmão que espeta uma faca nas costas do outro irmão é o quê – na afirmação da família e da sociedade?
Não, não falemos em cobardia ou falta de princípios, mas no essencial da sobrevivência.

Há irmãos (a tradição judaico-cristã traz até aos nosso dias a história de Caim e Abel) que por raivas que a razão humana tem dificuldades em explicar, que, sorrindo sempre, batendo nas costas (sempre) e divisando o chão do outro, levam sempre na mão a faca do corte definitivo.
Mesmo fora das religiões há imensos e violentos casos de ódios viscerais que marcaram para sempre a história da Humanidade.

Nas famílias políticas, religiosas e económicas (principalmente nestas) não faltam exemplos de facadas que desfizeram realidades boas na construção da História.
Sinais – infelizmente certeiros – de como a estupidez humana supera, tantas e tantas vezes, os dias.

Pensar no que um companheiro de partido, por exemplo, faz ao outro, pode, portanto, ser apenas um pedaço de história. Violenta, com certeza. Desumana, pois claro. E parva; porque se esmaga a dignidade.
Daí até à destruição do elo familiar e consequente fim da família vai um pequeno passo. A não ser que os partidos sejam agremiações sem sentido.

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Olhando a cidade V

Fizemos cidades muito hostis para as crianças. Sónia Lavadinho, consultora em mobilidade e desenvolvimento territorial, Visão , 24.11.14