A memória do 25 de abril é matéria do património coletivo que há que interrogar sobretudo em termos ideológicos e de representações.
Augusto M. Seabra, Ípsilon, 14.03.28
Dizia a escritora Lídia Jorge (Ípsilon, 14.03.28) que o 25 de abril era “algo essencial e que cobria” a sua vida literária.
Gosto deste olhar. Ou dito de outra forma: adoro este enredo. Só pode dar em grande obra.
É um dos lados belos olhar a revolução.
Sem pretender por em causa as palavras de Francisco Fanhais – “não, não é esta a terra da fraternidade. Por isso se impõe um combate cívico e cultural que é responsabilidade de todos e de cada um” –, muito pelo contrário, até porque a realidade que Pedro e Paulo (os senhores que servem de balcão de receção aos endominhados da troika) matam os desejos de futuro e isso não pode acontecer na terra da fraternidade, entendo que nos dias que correm; com cada vez mais elogios da guerra e dos conflitos, urge voltar ao regresso da primavera. Importa olhar o futuro pelos olhos dos que o depositaram nas nossas mãos.
Isto é, tal e qual como o teólogo Henrique Pinto (SNPC, 14.03.19): “se há 40 anos foi imprescindível dizer não ao fascismo e defender a vontade popular, o exercício da liberdade e da democracia, hoje, diante de um total desrespeito pelos valores de abril, urge, por um lado, dizer não às partidocracias, aos parlamentos sem povo, aos interesses de famílias e grupos instalados no serviço público”. Hoje um nome pomposo; os senhores que supostamente nos apoiam; e a seguir, nos cobram uns juros violentamente altos!

25 de abril? Já.
A tropa continua em frente ao Tejo pronta a disparar (ainda que com uma pequena diferença entre Marcelo e Passos: Caetano teve um general que o levou para longe).
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