Ouço
(mesmo junto à surdez dos meus ouvidos); por aqui, uma voz dizendo-me que somos
confinados a ir além da natureza. Será?
Ao que me
diz esta voz melodiosa, mas de timbre de mel forasteiro nenhum ser humano
esquece o momento em que perde o pai; não acredito que pudesse ser de outra
forma! Recordarei sempre o momento em que, com o corpo já irrespirável,
encontrei o meu pai de saída. Foi ingrato! Era mesmo final de dia; um dia
diferente que me tinha colocado na caminhada violenta que (todos) sabíamos onde
levava.
Senti
diferenças; dificuldades, muito ruido respiratório. Mas – raio de calendário!
–, mesmo depois de um feriado é preciso voltar a casa. Mais uma noite pela
frente. Junto de outros corpos quase moribundos. E a merda do telefone! Eu
chorava.
Fomos. De volta à (minha) terra natal. Abrimos a porta – tão depressa que a abrimos!, afinal
as raízes são já ali!, foda-se…
Antes;
pouco tempo antes, tinha olhado o horizonte, a noite a crescer e o vazio
engolidor do dia a devorar outros olhares, evasivos, sem vigor.
O que se
passou naquele princípio de noite em que atendi o telefonema (há muito já
marcado) foi mesmo o dia que morri.
O corpo
gasto pela doença. Segui-o! No início, era uma pintura – pintava tudo; tudo. Aproveitei,
depois, a explosão de pinceladas e tentei seguir a arte campestre. A arte
urbana – naquela noite – nada me deu. Havia, que bom!, a simplicidade da
natureza.
O meu pai?
Então aquele quadro ali mais acima, no campo – a agra antes intensa que morre
agora!? Os verdes e as novidades já não o são? Vicissitudes não há.
A terra; a
nossa terra continua a engolir-nos. E a chamar.
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