segunda-feira, 1 de março de 2021

Emboscada violenta

As cidades estão petrificadas pelo medo, todos nos transformamos em inimigos e lobos para os nossos vizinhos.

Bernard-Henri Lévy, TSF, 20.07.16 (entrevista de Reis Polónio)

 

Tenho medo.

No fragor da noite escuto uma afronta impressionante. Palavra!,

(as coisas importantes resumem-se num parágrafo.)

continuo com medo; a minha janela projeta a escuridão. Estampada em desesperos. Silêncios; ausências.

                (não circula vivalma; do outro lado da janela. a janela vive no desmazelo de sempre. poeirenta. sem brilho.)

Tenho medo.

Vou esconder-me dos sítios secretos, da casa vazia, dos empedrados gastos. Não quero ensanguentar os pés nem empoeirar os sapatos exaustos.

(não circula vivalma; do outro lado da janela.)

Tenho medo!

(não circula vivalma.)

Quem sou eu para duvidar desta dor; feita afirmação intensa de silêncios, tantas dúvidas e ausências?

 

Sim! Cá estou eu, outra vez.

 

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Olhando a cidade V

Fizemos cidades muito hostis para as crianças. Sónia Lavadinho, consultora em mobilidade e desenvolvimento territorial, Visão , 24.11.14