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A liberdade de expressão é um valor das nossas sociedades. Não se pode ceder neste ponto.
Editorial,
Expresso, 15.01.10
1. Quando Rui Cardoso escrevia, em editorial do Courrier internacional (edição de janeiro d e2015), que “o desafio do jornalismo moderno é muito mais ajudar o leitor a orientar-se na selva informativa do que arrancar grandes exclusivos e noticias bombásticas”, nem lhe passava pela cabeça o que o terrorismo faria em Paris.
Parecendo
que em face dos trágicos acontecimentos da capital francesa a questão
jornalística está aqui a mais, até porque o texto de Rui Cardoso (pensado para
um contexto editorial – excelente! – sobre a teoria da conspiração, mas não só)
nada tem a ver com o que aconteceu: morte de pessoas e tentativa de destruição
de uma bela ideia editorial onde a liberdade de expressão é que domina.
Mas,
apetece-me dizer que teve. Quem mata pessoas não mata ideias. Quem destrói
espaços não apaga memórias. E a morte de um conjunto (muito importante) de
fazedores de um jornal não é o fim do jornal. Mesmo que na selva informativa levitem
muitos vampiros. Que, esses sim, tentam a todo o custo confundir, baralhar e
denegrir; para reinar.
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2. Na
verdade, o que os jornalistas (e empresas jornalísticas) franceses fizeram a
seguir à destruição só prova que nem todos os seres humanos são parvos. Há Homens
que estão para além do seu tempo. Há realidades editoriais que agarram as
realidades humanas.
Daí que
considere importante refletir nestas palavras de João Garcia (Expresso,
15.01.10): “os adjetivos estão esgotados. A loucura bárbara vai obrigar-nos a
criar neologismos a menos que a consigamos combater com eficácia”. Desde logo
com uma pergunta inocente: como se diz solidariedade em linguagem (e ação) humana,
seja jornalística ou não? Pois, se calha! Mas em França é muito fácil. Faz
parte do trio que comanda a normalidade das sociedades: igualdade, fraternidade
e liberdade.
Por mais que
isso custe a uns tantos. Não só os que habitam a selva informativa, mas
principalmente os que teimam em dominar a selva humana de alguns recantos
ideológicos.
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