segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

E Paris ardeu. Continuará em chamas?

Os inimigos da democracia não suportam ser expostos – nem ridicularizados. Daí este massacre. Mas como disse Charb, diretor do “Charli” e uma das vítimas, é preferível morrer de pé a viver de joelhos.
Nicolau Santos, Expresso (Economia), 15.01.10
1. Falar do que aconteceu em França é falar de dor. Violência. Falta de princípios. Perda de valores. Haverá quem ouse dizer: para nós ocidentais. Direi que matar nunca tem perdão; seja em que circunstância, sociedade, religião, regime ou estado,… for.
Falar do que aconteceu em Paris, obviamente sem esquecer toda a violência e destruição de outras cidades europeias, é falar de terrorismo. E “a experiência mostra que o terrorismo favorece a renúncia dos calores democráticos”. (Dominique de Villequin, in Expresso, 15.01.10).
Falar da morte que tentou matar um jornal francês é dar a razão a Nicolau Santos.

A rejeição do medo é uma luta pela preservação da espécie ocidental que somos.
Pedro Santos Guerreiro, Expresso, 15.01.10
2. O jornalista João Adelino Faria (Dinheiro Vivo, 15, 15.01.10) dá-nos uma explicação, não para o que aconteceu em Paris, mas para a forma como o jornalismo (sim, em Portugal e aqui em Guimarães também) faz de conta que enaltece uma classe: “infelizmente nos últimos tempos muito jornalismo começou a tornar-se mais diplomático e simpático em vez de crítico e denunciador. Por instinto de sobrevivência foi perdendo a coragem e a eficácia para mudar o mundo”. Subscrevendo em absoluto as palavras do jornalista da RTP – ouso até aplica-las à imprensa local –, sublinho com uma pergunta do editorial do jornal Público (15.01.09: “e depois de sermos todos Charlie?

3. É grave, perigosamente grave, o que aconteceu em Paris. Como é grave o que aconteceu em Madrid, Londres… Mas o ataque de Paris vai para além dos homicídios: alguém quis matar a liberdade de expressão – é verdade que uma forma muito própria (atenção que Salman Rushidie na última edição do Expresso tem razão quando afirma que “a arte da sátira foi sempre a rama da liberdade contra a tirania”) de expressão.

4. Em jeito de conclusão (impossível em situações extremas como a da semana passada em França) talvez não seja exagero reproduzir o que o semanário Expresso (15.01.10) faz dos anonymos: “declaramos-vos guerra, terroristas. A liberdade de expressão sofreu um ataque desumano. É nosso dever reagir”.
Para mim, mesmo já não exercendo esta bela profissão que é o jornalismo, só posso sublinhar: “a liberdade de expressão sofreu um ataque desumano”. Por que terão os jornalistas de virar as costas uns aos outros como se vai vendo por aí?

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