Os
inimigos da democracia não suportam ser expostos – nem ridicularizados. Daí
este massacre. Mas como disse Charb, diretor do “Charli” e uma das vítimas, é
preferível morrer de pé a viver de joelhos.
Nicolau
Santos, Expresso (Economia), 15.01.10
Falar do
que aconteceu em Paris, obviamente sem esquecer toda a violência e destruição
de outras cidades europeias, é falar de terrorismo. E “a experiência mostra que
o terrorismo favorece a renúncia dos calores democráticos”. (Dominique de
Villequin, in Expresso, 15.01.10).
Falar da
morte que tentou matar um jornal francês é dar a razão a Nicolau Santos.
A rejeição
do medo é uma luta pela preservação da espécie ocidental que somos.
Pedro
Santos Guerreiro, Expresso, 15.01.10
2. O
jornalista João Adelino Faria (Dinheiro Vivo, 15, 15.01.10) dá-nos uma
explicação, não para o que aconteceu em Paris, mas para a forma como o
jornalismo (sim, em Portugal e aqui em Guimarães também) faz de conta que
enaltece uma classe: “infelizmente nos últimos tempos muito jornalismo começou
a tornar-se mais diplomático e simpático em vez de crítico e denunciador. Por
instinto de sobrevivência foi perdendo a coragem e a eficácia para mudar o
mundo”. Subscrevendo em absoluto as palavras do jornalista da RTP – ouso até
aplica-las à imprensa local –, sublinho com uma pergunta do editorial do jornal
Público (15.01.09: “e depois de sermos todos Charlie?”
3. É
grave, perigosamente grave, o que aconteceu em Paris. Como é grave o que
aconteceu em Madrid, Londres… Mas o ataque de Paris vai para além dos
homicídios: alguém quis matar a liberdade de expressão – é verdade que uma
forma muito própria (atenção que Salman Rushidie na última edição do Expresso
tem razão quando afirma que “a arte da sátira foi sempre a rama da liberdade
contra a tirania”) de expressão.
4. Em
jeito de conclusão (impossível em situações extremas como a da semana passada
em França) talvez não seja exagero reproduzir o que o semanário Expresso
(15.01.10) faz dos anonymos: “declaramos-vos guerra, terroristas. A liberdade
de expressão sofreu um ataque desumano. É nosso dever reagir”.
Para mim,
mesmo já não exercendo esta bela profissão que é o jornalismo, só posso
sublinhar: “a liberdade de expressão sofreu um ataque desumano”. Por que terão os
jornalistas de virar as costas uns aos outros como se vai vendo por aí?
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