quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Jantar com aperitivo

Repugno a vida real como uma condenação; repugno o sonho como uma libertação ignóbil.
Fernando Pessoa, in Livro do Desassossego
foto:article.wn.com
1. O presidente de junta de Caldelas concede uma entrevista ao jornal taipense Reflexo (janeiro 2015) que, podendo parecer, de repente, o contrário, não traz nenhuma novidade. A ninguém. Nem a ele que já não sabe bem onde está a porta do futuro. É o mesmo estilo caceteiro de sempre – ainda que tente criar a ilusão, agora que em Santa Clara há outros protagonistas, de que tudo já é diferente; a seu bel-prazer. Repare-se nesta abertura de cordeiro de Constantino Veiga: “após a entrada do novo presidente da câmara municipal de Guimarães havia uma perspetiva mais otimista, pois o anterior não me entendia”. E o presidente de junta da vila termal tenta adoçar a pílula que pretende oferecer a Domingos Bragança: “é justo que se diga que logo que assumiu a presidência, houve da parte dele uma intenção, que julgo continuará a existir, de investir nas Taipas”. Para, mais à frente, fazer de conta que tudo é (será) diferente: “confio muito no atual presidente, o tempo de remar cada um para o seu lado já acabou”.

2. E já com a conversa em velocidade de cruzeiro, Constantino tenta atirar umas casquitas, das que fazem escorregar qualquer cidadão distraído: “não estando mandatado para representar a ADIT (Associação Para o Desenvolvimento Integrado das Taipas), penso que o presidente da câmara de Guimarães vai ter olhos também para esta instituição, que está a ter um ato de coragem”. Ou de raspão: “o que estão a fazer nas termas é a morte certa dessas pequenas clínicas de fisioterapia. Não percebo como é que aquilo que lá está vai dar rendimento, como o caso dos sabonetes”. Ou ainda: “a prenda que pedia para o novo ano é que os taipense se unissem e deixassem de pensar no partido, nas questões partidárias e se juntassem aos projetos da junta para podermos levar isto por diante”. Se eu fosse taipense oferecia um jantar a que for capaz de entender o que vai na cabeça do autarca da vila termal.

3. Nesta entrevista ao jornal dirigido por Alfredo Oliveira fica bem claro que Constantino Veiga faz de conta que aprendeu a ser um autarca que escuta: “o papel que a oposição desempenha está mais maduro. Nós também sabemos como isto funciona: hoje é uma coisa, amanhã é outra”. Pois é! Se o mandato em curso não fosse o último…

4. Ah! para quem quer uma Caldelas em paz e uma vila de Caldas das Taipas a olhar no futuro esta é uma entrevista para esquecer. Já. Antes que o jantar seja servido.

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