O cristão…
onde é que estão os cristãos. Eu ouvi o Paulo Portas falar das reformas e dos
salários, como se o tema fosse este: nós temos de nos lembrar que somos
democratas cristãos.
Januário
Torgal, i, 14.01.18
1. Januário
Torgal, que se retirou em outubro passado das funções de bispo das forças armadas
portuguesas, muito embora o novo titular ainda não tenha tomado posse (apesar
de nomeado há tempos), continua igual a si mesmo: frontal – talvez polémico –,
serenamente pronto a agitar consciências e a por o dedo em muitas feridas. E o
seu olhar estende-se com acutilância para o que o rodeia; seja em que dimensão
for.
Na entrevista
a Rosa Ramos, publicada no jornal i (14.01.18), e olhando para a situação
social e política de Portugal, entra a matar: “os cristãos do CDS sentem-se
muito envergonhados“.
Vincando
que acredita “cada vez mais na liberdade”, o que não significa acreditar
“nas deformações da democracia em que vivemos”, o bispo Januário é
perentório: “o grande erro deste governo é um erro ético, de incapacidade,
de tentativa de salvação de uma situação criada ao longo de vários anos”. Daí
que não duvide que “a grande derrota deste governo é que entrou no
facilitismo total de arranjar dinheiro. É muito simples: eu tenho uns escravos
a quem exigir. Eles pagam! E se não pagam vão pagar lá fora, fogem daqui”.
E
pergunte: “como se explica que a dívida pública tenha crescido? Como é que
eles, no governo, continuam a insistir na história de Adão e Eva para explicar
a origem do mundo?”.
2. Depois
de olhar para a realidade politica, e muita embora esta esteja intimamente
ligada à social, Januário, deita o seu olhar para a realidade social. É que “cada
vez mais, é preciso atravessar a sociedade com um grande sentido de liberdade
perante pressões, perante a verdade e a solicitação de fama, dinheiro e de
prestígio”. Por isso, sublinha claramente: “ser livre também é conseguir
ver-se desprendido em relação ao retrato que nos traçam”.
Já no que
concerne aos últimos números do desemprego no nosso país esta sua afirmação diz
bem do que lhe vai na alma: “é quase uma infâmia proclamar a alguém que está
com cancro, insuflando-lhe uma espécie de esperança, que hoje o cancro se cura.
As pessoas querem é que o seu cancro seja curado”.
“Hoje
Portugal tem um mundo de gente oprimida, abandonada, revoltada. O governo
precisa de abrir os olhos”, diz-nos o anterior bispo das forças armadas
portuguesas.
3. Ainda na
sua análise sobre a realidade politica do nosso país, não deixa de ser curiosa
esta pergunta: “porque é que se voltam para o partido socialista e lhe
atribuem as culpas?”.
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