Recortes dos dias


As populações, confinadas, infantilizadas, tão estarrecidas quanto aterrorizadas pelos canais de informação em contínuo, tornaram-se espetadoras, passivas, abatidas.
Sandra Monteiro, le Monde diplomatique, maio de 2020

É quarta-feira, terceiro dia de abertura, ou melhor, de possibilidade de podermos circular (um pouco) mais pela rua. Saio; um pedacito. A rua está outra vez sem espaço para estacionar carros; já são tantos!
Volto para casa. Organizando ideias; olhando em volta. Ouvindo – é mais escutando, na verdade! – a partitura para violino solo do Samuel Martins Coelho. Não paro de me espantar contigo Samuel!

Volto a olhar para fora do meu recanto. Em frente da minha janela – que é escritório, sala de jantar, de televisão (raramente) e leitura. Estou, assim de repente, baralhado olhando, em frente, o miúdo que ‘conheci’ neste sábado, enquanto fomos arrumar o lixo, vi-o encostado à parede mais próxima de mim. Vi-o pela primeira vez na primeira semana de confinamento – não gosto desta palavra.
Gestos, muitos gestos; expressivos!
A vida continua.

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