terça-feira, 3 de março de 2015

Fazer de morto

De noite os cabelos crescem tanto que neles se arranca a cabeça
crescem em cada pancada de sangue
Herberto Helder, in Do Mundo *
foto: record.xl.pt
Se quem assiste regularmente às sessões da assembleia municipal (AM) de Guimarães – haveremos de poder fazê-lo todos e em casa, pelos vistos – fizer de conta que Luís Cirilo, o antigo deputado na AR e ex-governador civil de Braga, comanda o grupo parlamentar do PSD na AM vimaranense, poderá dizer, sem medo de errar, que o maior partido da coligação de direita em terras de D. Afonso até sabe intervir nas reuniões da AM.
Infelizmente Luís Cirilo só lá vai às vezes.
E, quando vai, fá-lo de recados estranhos na mão que nada têm a ver com a sua postura habitual sobre as coisas de Guimarães. Necessidades de afirmação, será?
Mesmo assim, Cirilo está a léguas (para muito melhor, obviamente) da melhor forma de César Teixeira, atual líder da bancada laranja na AM de Guimarães.

(um parêntesis para fazer um mea culpa do tamanho do grupo parlamentar do PSD local para dizer que quando, há cinco anos atrás, escrevi que César era uma boa solução para o PSD vimaranense, me enganei redondamente. Afinal, e dando a mão à palmatória, sou obrigado a dar razão ao povo na sua infinita sabedoria: “nem tudo o que luz é ouro”).

Com César Teixeira o PSD de Guimarães perde brilho. O PSD não sabe o que quer, não diz o que sabe (e devia saber); não fala do que deve, mesmo que o seu líder parlamentar vá fazendo um esforço para, por vezes – às vezes –, dizer que o seu partido tudo faze por Guimarães.
E César, olhando na vertical do púlpito que sustenta os seus papéis e os seus olhares (sempre pomposos), baixando-se em direção ao chão que pisa, nada diz. Repete-se; vê-se perdido para esgotar o tempo (como na última sexta-feira) do seu partido e, quando devia responder, pergunta para não responder; porque nunca tem respostas, apenas perguntas pouco entendíveis.
O PSD de Guimarães, também na AM, precisa de outra liderança. E Guimarães e os vimaranenses querem ganhar.

* sou um incondicional leitor da poesia de Herberto Helder. Há imensos anos. Muito antes de ouvir falar, como ouvi na última sexta-feira na Plataforma das Artes em envelhecimentos apressados. O poeta sabe bem o que diz. E com ele deixa que as pancadas sejam silenciosas. 

Sem comentários:

a cidade e o devir II

  Foto arquivo Não é difícil perceber que em alguns locais das cidades, o espaço público ocupado por carros parados (em estacionamento), ou ...