Quando as luzes à volta da rua deserta – parece que a cidade, às vezes desce até aqui em invasões ao domicílio – veem o silêncio, vejo a noite: vaidade; vaidade e música de bolso. Carros
(corpos esbeltos, sempre envoltos em vestidos pretos
e pintas em consagração da primavera; perfeitos
de cortar os olhos)
o resto é igual; olhos de lamparina, prontos a incendiar as mesas do centro; sempre a mesma treta! Vaidade
para além do palco mais abaixo. Ostentações modernas exibidas entre pedras velhas.
A rua já não escuta, mas os corpos esbeltos mostram-se
(esbeltos, mostram-se ali à esquerda
estão os carros. Vaidosos; topo de gama, indiferentes
à velharia das pedras)
que vai acontecer a seguir?
As luzes já se apagam. Guimarães? Que Guimarães é esta?
É tarde! Vamos dormir. Amanhã a dor estará
(outra vez)
intramuros.
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