A esquerda ainda hoje encara a sociedade de forma voluntarista como se para a criação de riqueza houvesse limites e as leis económicas não fossem lamentavelmente contornáveis.
Augusto Abelaira, in Outrora Agora
Miguel Sousa Tavares (Expresso, 14.02.22) afirma que “a esquerda tem de estar preparada para defender a Europa contra os seus carrascos e, em caso de derrota, para começar a pensar numa alternativa fora da UE”.
Esperando que o “em caso de derrota” esteja a mais nesta bela ideia de Miguel Sousa Tavares, o que os europeus, os cidadãos da velha Europa (cada vez mais na mão de uns barrosistas seguidistas, cegos e sem princípios orientadores, ou melhor, sem saber a quantas andam) e aqueles que, desde os tempos da velha Lusitânia, acreditam que a exploração do outro há muito morreu, isto é, os cidadãos europeus, só podem mesmo querer uma Europa sem massacre, venham os carrascos de onde vierem.
É claro que, como cidadãos atentos, os cidadãos que se preocupam com o futuro, também sabem que uma esquerda em Portugal que – consciente de que jamais será poder, como muito bem escreveu Abelaira há décadas atrás – é a mesma esquerda que adora fazer folclore sobre coisas sérias. Sejam Pec salvadores ou desejos de emancipação que se perdem em guerras intestinas.
E não estou a falar de montagens digitais sem dirigentes importantes; apagados à pressa da história. Isso é demasiado trotskista para meu gosto.
A esquerda assim é uma treta! Talvez um dia – tarde e a más horas – se perceba como a direita se arvoa em salvadora. De tudo o que a esquerda abandonou.
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