sinto-me um poeta cansado; manipulador
de palavras sem o dinamismo da solidariedade
perdi o olhar utópico que fazia a maquilhagem
na cozinha dos nossos sabores; elogio da frustração!
sinto-me espetador de um teatro de poeiras
(a tua lei de silêncio obriga
a que todos os mortos vão para o céu!
a minha ainda não)
um espelho sem identidade! sinto-me um poeta
cansado; a tirar os textos do baú. sem um corpo
em viagem para escapar aos corpos
contra o regime; esfacelados. destruídos.
e ele – de cima; feito deus!
feliz pela ausência dos corpos! – regras miando
formas pouco companheiras; pouco solidárias
numa terra onde ninguém quer caminhar.
que espelho sem identidade!
sinto-me um vestido de teatro! malabarista
do amor com memórias de chumbo – animal de palco?
não! nunca fui. um olhar que mudará
a vida! Vendo a noite em carne viva – rigoroso espanto!
mas há mercado para os corpos, sabes?
onde se fazia a troca das moças feitas palavras?
foi à porta de mim!
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