Uma cidade
pode ser mordida como se fosse um organismo, e quando uma cidade é mordida quem
vive lá dentro não pode escapar pois há este acontecimento antigo que é o
contágio.
Gonçalo M.
Tavares, in animalescos
1. Há
quem, tendo chegado ao poder, se considere o suprassumo de tudo o que seja a estapafúrdia
estupidez de (re)aprender a olhar alto (ou do alto) – como todos nós fazíamos enquanto
adolescentes –, seja a parvoíce de se deixar esmagar (ou ultrapassar) por quem,
estando ao seu lado, nos sítios onde se julga dono absoluto da verdade, apunhala
no segredo dos gabinetes; seja a explosão sacana de que o chinelo é mau demais
para certos convencidos da retórica. Por isso, há quem – é o que se vai ver! –,
esbracejando para chegar ao poder, acabe confirmado que, na verdade, perdeu –
será que alguma a vez a teve? – a noção de si e do que está para além de si.
2. Felizmente
existe – como sempre existiu, claro! – quem nunca se sinta incomodado com
palavras ocas e vazias; quem jamais deixe de pensar e agir pela sua cabeça!
3. Esses não
têm; nunca tiveram, ilusões. Não têm problemas em dizer, de forma bem vincada:
mesmo não prestando, porque não são o que dizem e tentam iludir dizendo ser o
que nunca serão; já ninguém se sente incomodado com a parvoíce das vossas palavras.
Sabem que o tempo é um tipo extraordinário?
4. Para as
duas estipres de mordedores da cidade – como adoro ler e ficar a pensar nas
suas palavras, Gonçalo M. Tavares! – seja o que baixou – coitado, parece um
moço de recados! –, seja o outro, o que diz que subirá além do chinelo (parece
mais um gordito à procura de chocolate!), só se pode dizer (voltando ao ponto 1):
estão em horizontes vazios. E isso ou é senilidade ou mania de que se pode dizer
(fazer) as asneiras que se quer, ou pronunciar; de ânimo leve (mesmo com novas
tecnologias), disparates feitos palavras só porque sim. Vocês são uma treta!
5. Os dias
que correm (podendo parecer) não são balofos. Por isso só pode dizer-se:
cresçam; caso contrário Guimarães vai estampar-se, não demora nada!
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