sexta-feira, 10 de abril de 2015

Credibilidade com rosto

Ali vai a manada de homens a fingir que não sabe de quê, com um chefe que ninguém identifica.
Gonçalo M. Tavares, in animalescos
foto: partiuintercambio.org
1. O semanário Expresso (Economia) publicava um destes dias (15.03.28) uma peça jornalística fundamental para se perceber (melhor) realidades que vão passando no e pelo mundo do jornalismo. É um trabalho de Adriano Nobre. Onde se pode ler que “vêm aí regras para os jornalistas nas redes sociais”. Passando a pente mais ou menos fino os dias que se vivem nos e pelos profissionais da comunicação, os jornalistas em particular.
Diz-nos Adriano Nobre que jornais como o Diário de Noticias ou Expresso ou televisões como a SIC e TVI “discutem os primeiros códigos de conduta para regular a atividade dos seus jornalistas”. É uma discussão interessante, mas não se poderá dizer fundamental. Desde logo, porque há (será que devia haver?) quem afirme que o que o cidadão que é jornalista, quando escreve nas redes sociais, é o que escreve no órgão social. Uma treta! Mas respeito imenso os jornalistas que há muito deixaram de emitir opinião na rede, limitando-se a linkar os seus trabalhos publicados nos órgãos onde trabalham.
Grande dúvida: O que é pessoal e o que é profissional tem mesmo que ser balizado? Um bom profissional sabe separar claramente a sua ação, mas estarão todos os jornalistas interessados nessa separação?

2. O debate sobre ética jornalista sempre foi atual, por isso, ele nunca acaba. Terá nuances? É natural. Ainda bem! No jornalismo, e nos dias que correm ainda mais – leia-se esta afirmação de Mário Zambujal (E, 15.03.14), “há 49 ou 50 anos o jornalismo não estava enfiado no universo dos mercados. O jornalismo não era uma mercadoria” – importa ser jornalista. Sem mais comentários. Em suma, o bom senso e a ética são a única regra a ter em conta, digo eu.

3. Da reportagem do semanário Expresso ressalta a opinião dos responsáveis pela imprensa portuguesa. Desses destaco duas afirmações: “é inevitável que os jornalistas expressem a sua opinião. O bom senso e as regras tácitas definem o jogo”, afirma Bárbara Reis, diretora do jornal Público.
Já Sofia Branco, presidente do sindicato dos jornalistas, não tem dúvidas: “a haver regras, elas devem resultar da autorregulação, decidida pelos conselhos de redação com as direções de informação”.


4. Confesso que depois do que li na peça jornalística do semanário Expresso considero fundamental vincar estas palavras de David Pontes, no editorial do Jornal de Noticias (15.03.28): “com tinta ou com pixéis, a missão do jornalismo como pilar da democracia continua bem presente e a minha crença, a minha fé, é que, para lá de todos os sobressaltos, os cidadãos tenham consciência de que uma imprensa livre é um bem essencial pelo qual vale a pena pagar, na qual vale a pena acreditar”.

Sem comentários:

Olhando a cidade V

Fizemos cidades muito hostis para as crianças. Sónia Lavadinho, consultora em mobilidade e desenvolvimento territorial, Visão , 24.11.14