terça-feira, 28 de setembro de 2021

presença insólita


Na minha idade vive-se numa zona crepuscular que recusa a distância da morte, a saudade reúne os fantasmas e os de carne e osso.

Júlio Machado Vaz, Jornal de Noticias, 21.05.09

 

Há coisas lindas que só se veem à noite; pelo silêncio!

Talvez o frio seja claro!

Ou a solidão do olhar.

Sabes que pelos dias de isolamento andar na rua foi coisa horrível; frio...

É! E olhar os sítios habituais e não poder frui-los?

 

A vantagem dos diretos na internet é que passas rapidamente de um espetáculo para outro sem que ninguém se aperceba e tu ficas feliz por esse saltitar.

O que é que isso tem a ver com o frio?

Então não tem? Quem foi capaz de se emocionar com a morte; em alguns instantes com números em espiral…

Já entendo. E deixa-me perguntar: e o isolamento com que se construiu uma imensidão de dias fez-nos perder tanta lucidez?

 

Então as coisas lindas que só se veem à noite; pelo silêncio e no silêncio das ausências tornam-se bestseller (com todo o respeito pelos livros, obviamente) dos olhares que permanecem para além dos diretos?

Sem dúvida!, mesmo que, uma ou outra vez, se fique pelo efémero das palavras agressivas…

…. Mas não estamos a falar dos dias duros que – felizmente – se vão desfazendo?

Sim, claro!, mas sabes?, os dias que ainda andam agitados com outros diretos poem-me nervoso.

 

Gosto estranho! Não estamos no mesmo patamar dos que recusam a distância da morte?

Sei lá! Sempre odiei o que não existe e que alguns tudo fazem para nos pespegar que são deuses, fantasmas ou marionetas de sombras manipuladas por quem está sempre do detrás dos espetáculos que passam em direto na internet. 

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