Arrota pelintra e faz-te lorde!
ouvia há
muitos anos um homem sábio que povoa, com intensa normalidade, todas as minhas
memórias de criança.
Só
recentemente, penso, ter percebido as palavras daquele homem que dominava a
minha aldeia, onde o caciquismo do regedor ditava o futuro de (quase) todos
nós. Ah! Ainda me lembro bem da matricula do carro que levou os meus pais à
Casa do Povo da freguesia vizinha para votar pelo senhor general sem medo! como
tantos outros também eles não voltaram às urnas até à revolução dos cravos.
O tempo passa.
(Outro tipo de pelintras toma conta do poder e do futuro. Os pobres estão
muito mais pobres que no tempo em que o regedor da minha aldeia tinha sempre à
porta um cacique; pronto a sair com uma tesoura e um lápis azul numa mão e um
chicote na outra. Disponível para estampar a dor em qualquer rosto amargurado
os desejos de emancipação e de construção de um futuro belo).
O tempo
passou e o apoio do estado aos pelintras, pobres e desgraçados é uma fraude!
Tu não matas um porco (ainda que velho) para comer; as vontades de sobreviver estão esbatidas. Definitivamente. Assim é o dia-a-dia da
Humanidade. Só as carnes mais rijas, porque jovens, alimentam os dias!
Por
momentos pareceria a voz do regedor. Pior agoiro não podia acontecer! Mas o
tempo passa. Infelizmente não era o regedor, mas o chefe de um estado à deriva
e o seu primeiro
(cada vez
mais parecido com o presidente do conselho do tempo do regedor)
a entrar
pelos ouvidos adentro. Todos os ouvidos deste país sem rumo!
Que raiva ter alguns altifalantes sempre disponíveis a debitar decibéis de
miséria!
Ao lado,
no lar onde foi a casa do regedor, ouviu-se uma chuva de arrotos.

E um país; uma nação e uma ideia de progresso e felicidade
(um povo)
morrerão.
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